Chico Buarque - Paratodos (1993)

O disco que levou Chico de volta às paradas de sucesso se inicia com a faixa-título, que mais parece uma canção de Luiz Gonzaga, um baião muito gostoso e de melodia grudante. Na letra, o compositor homenageia grades nomes da música brasileira, tal como Tom Jobim e Dorival Caymmi.

"Choro Bandido" também se destaca nessa obra, dizendo "mesmo que os cantores sejam falsos como eu / serão bonitas, não importa, são bonitas às canções", talvez numa auto-crítica ao seu canto que, nesse disco, diga-se de passagem, está muito bom. "Tempo e Artista", talvez um pouco monótona, não se faz das melhores canções, mas, se você for fã do cantor, pode dar uma conferida nela.

"De Volta Ao Samba", um clássico dessa nova fase de Chico, comemora a sua própria volta à música, depois de sua pausa para escrever o livro Estorvo, lançado em 1991. "Eu sei que fui um impostor, hipócrita, querendo renegar seu amor", pede desculpas ao samba.

"Sobre Todas as Coisas", de tema religioso, diz "Ou será que o deus / Que criou nosso desejo é tão cruel? / Mostra os vales onde jorra o leite e o mel / E esses vales são de Deus". A lenta e monótona "Outra Noite", cita mais uma vez Deus "a avareza de Deus passando indiferente por estranhos olhos meus" e, lá pela metade dela, dá vontade de dormir. Pô, Chico, anima mais o clima dessas músicas.
Tom e Chico, em 1993

"Biscate", cantada junto de Gal Costa, faz-se especial por ser animada e ter um pianinho gostoso, combinando a voz da cantora com todo o climax da música. "Romance" diz "te sequestrei, vou te render pra sempre", tendo um ritmo monótono, mas letra bem interessante e romântica, parecendo uma música de Roberto Carlos. "Não se afobe não que nada é pra já" inicia a grande canção "Futuros Amantes", talvez a mais conhecida do disco.

"Piano da Mangueira", feita em parceria com Tom Jobim, é um bonito e animado tema, que homenageia a escola da qual Chico é torcedor. Ela contém um dos últimos registros vocais de Tom, que canta em harmonia com o vocal de Buarque. A regravação de "Pivete", apesar de ser inferior à da original, ainda se faz muito boa, destacando-se no final do álbum.

"A Foto da Capa" fecha o disco de excelente forma, parecendo uma canção de Milton Nascimente, especialmente aquelas de Minas [A-], o que a faz especial. E, como conclusão, temos que esse disco é, talvez, o melhor da fase madura de Chico, tendo temas ímpares e que, se você curtir o compositor, deve com certeza conferir esse trabalho.


  • Avaliação: B+

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Discografia comentada: Chico Buarque

Discografia comentada: Caetano Veloso

Karma - Karma (1972)