Mallu Magalhães - Pitanga (2011)

Quando eu conheci a Mallu, em 2008, ela era um fenômeno tosco de internet que tinha ido no Altas Horas e no Jô Soares, mostrando-se uma pessoa imatura e provocando vergonha alheia nos dois programas. Além disso, tinha uma canção chamada "Tchubaruba", que, apesar do seu título horrível, era até boazinha.

Bom, o tempo passou e eu fui vendo a Mallu em várias publicações, começando o namoro com Marcelo Camelo e lançando discos. Foi então que, em 2012, eu me senti curioso quanto à sua produção musical e, no seu site, baixei Pitanga, ficando, em seguida, bastante impressionado com a qualidade de suas canções. Apesar de não serem perfeitas, tinham melodias excelentes e letras confessionais, entrando no íntimo de sua alma romântica.

Mallu mudou e não só no seu jeito, mas também na sua música. Se antes tinha influências folk como Bob Dylan, agora explora o samba, tocando-o num ritmo de MPB. Sim, existem vários tipos de se tocar um mesmo estilo musical. Há o clássico (samba de raiz, temas de escolas do carnaval e que, junto do pagode, anima churrascos Brasil afora), o da bossa nova (que mistura o ritmo com jazz) e o MPBista (Chico Buarque e, agora, Mallu).

A primeira faixa, "Velha e Louca", é bem divertida e íntima, falando sobre a maturidade da cantora e sua despreocupação com críticas "Pode falar que eu não ligo / Agora, amigo / Eu tô em outra / eu tô ficando velha, eu tô ficando louca". "Cena" é um samba-tango cantado no ritmo MPBista, lembrando algumas canções do Cartola, como "As Rosas Não Falam".

"Sambinha Bom", outra música memorável, diz "sambinha bom é esse que te traz de volta / que é só tocar que logo você quer voltar". "Olha Só Moreno", um sucesso nas rádios do Brasil, tem a passagem mágica "eu me pergunto o que que eu sou / mas eu não sou mesmo nada / eu me pergunto o que é que eu fiz / mas eu não fiz mesmo nada".

"Youhuhu", apesar do título ruim, é uma balada excelente e com ritmo mantido por uma guitarra. Lá pelo meio, ela diz umas palavras em português, mas sua letra é praticamente em inglês. "Por Que Você Faz Assim Comigo?", em um tom lento, parece indagar ao seu amante sobre diversas questões, dizendo "por que você olha assim pra mim / não vê que eu preciso descansar?".

"Baby, I´m Sure", com letra alternante inglês e português, num ato caetânico, se destaca entre as faixas finais do disco. Aliás, essa alternância é um dos fatores bons de sua poética. "In The Morning", com melodia de modinha, tem um piano muito gostoso e, pelo meio dela, diz "só pra constar nos registros por aí que todo o meu amor é teu".

"Lonely", calma e bonita, indica que estamos chegando ao final da obra e fala da solidão da cantora. A animada "Highly Sensitive" é uma das minhas preferidas, que diz "o medo que a gente tem em cada noite a gente pode deixar lá, não me deixe pra depois, sempre tem um bom motivo pra nós dois". "Ô Ana", feita, se não me engano, para a irmã da compositora, canta "Ô Ana, cê sai tão cedo e nunca explica se vai de medo ou se vai de aflita". "Cais" fecha a obra em tom melancólico, tendo uma longa introdução de piano e dizendo "de onde eu vim não tem mar".

Como conclusão, temos que é uma excelente obra e entra muitíssimo bem no cenário da MPB atual. A Mallu é, com certeza, uma das melhores compositoras dessa nova safra de artistas, sempre inovando em suas melodias e sendo bastante criativa.


  • Avaliação: A

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