Os Paralamas do Sucesso - Selvagem? (1986)

No cenário do rock nacional, 1986 foi um bom ano, tendo como lançamentos Dois [A-], da Legião Urbana, Cabeça Dinossauro [A-], dos Titãs e Vivendo e Não Aprendendo, do Ira!. Nessa linha, Selvagem? entra bem, confirmando a estética reggae-rock da banda. Nele, a poética insinuante de Herbert Vianna se faz presente, assim como os belos arranjos de Liminha.

"Alagados", a faixa de abertura, talvez seja até hoje a canção de mais sucesso da banda, junto com "Meu Erro". Vibrante, com riff maneiro e vocal potente, tinha de tudo para virar um hit, o que acabou se concretizando. "Teerã" acalma o clima, sendo boa e cativante, dizendo "por quanto tempo ainda vamos ver / fotografias pela manhã? / imagens de dor / lições do passado".

A terceira faixa, "A novidade", pode não se destacar entre as do álbum, mas é, com certeza, uma boa música, feita em parceria com Gilberto Gil. Ela canta a desigualdade do mundo, que de um lado tem o carnaval e, do outro, a fome. A jocosa "Melô do Marinheiro" diz "entrei de gaiato no navio / entrei, entrei, entrei pelo cano" e teve direito a clipe no Fantástico. "Marujo Dub" é um dubstep da canção anterior.

"Selvagem", um hino de protesto, tem versos como "a polícia apresenta suas armas / escudos transparentes, cassetetes capacetes reluzentes / e a determinação de manter tudo em seu lugar". "A Dama e o Vagabundo" dá um tom mais introspectivo ao álbum, sendo uma balada mascarada por arranjos de rock. Eu, particularmente, faria outro trabalho para essa canção, que parece com algumas do mestre Cazuza.

"There´s a Party", cantada num inglês mediano, volta ao ritmo pulsante e dirige o álbum para suas últimas canções. "Você", música de Tim Maia, tocada em ritmo reggae, resulta num trabalho bem bacana. E, enfim, terminamos o disco com "Teerã Dub" (não inclusa na versão original do LP), que, como o próprio nome diz, é um dubstep de "Teerã".

  • Avaliação: A-

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