The Kinks - Face to Face (1966)

Não atingindo, na invasão britânica, o mesmo nível de popularidade dos Beatles e Rolling Stones, os Kinks faziam um tipo de música à altura dos grandes mestres. Ray Davies era muito competente e sabia como fazer trabalhos de qualidade, nunca pecando na produção.

Agora, de originais eles não tinham nada. “Party Lane”, a canção que abre o álbum, é bastante influenciada pelo merseybeat do início da carreira dos Beatles. Ray, sempre polêmico quando se falava dos “fab four” (ele se considerava melhor do que eles), admitia a inspiração em entrevistas. É claro que isso não tira a beleza da música.

A sentimental “Rosie Won’t You Please Come Home” é talvez a melhor música do álbum. Feita pra irmã do compositor, tem uns efeitos bem bacanas de cravo. “Dandy”, futuramente regravada pelos Herman’s Hermits, diz na letra “Who you gonna run to? / All your little life / You’re chasin’ all the girls / They can’t resist your smile”.

“Too Much on my Mind” é uma balada que contribui pra qualidade da obra, dando um tom soft ao disco. Davies se mostra também muito cuidadoso com a escolha da ordem das faixas, porque um tema complementa o outro e tudo parece ter uma combinação perfeita.

Se 1966 marca a estreia de artistas como The Mothers of Invention, também marca a fase de maturação dos Kinks. The Who pode ter sido uma influência? Com certeza, eu diria. A admiração de Ray Davies é evidente quando disse, em uma entrevista recente, que havia uma “telepatia mútua” entre ele e Pete Townshend, o compositor do The Who.

O folk-rock se faz presente em temas como a “I’ll Remember”, que fecha o disco. Como conclusão, podemos dizer que, se tivessem tido mais marketing, os Kinks certamente seriam conhecidos pelo mundo todo. Só que, infelizmente, pra fazer sucesso não dependemos apenas do talento. É uma soma de fatores. Mas acredito que, no futuro, o público vai perceber a extrema qualidade da banda.

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