Paul Simon - Graceland (1986)

Desde o início de sua carreira, Paul Simon vem tendo a fama de "grande poeta" do folk americano. Eu, particularmente, o considero um excepcional letrista e ótimo melodista, junto de nomes como Bob Dylan e John Fogerty. Ao lado de Art Garfunkel nos anos 60 e, a partir dos 70, sozinho, Simon vem lançando álbuns que recebem muito apreço da crítica especializada e do público em geral. Porém, todo artista tem um ápice e, pela minha ótica, o que também é a opinião de muitos, o de Paul é Graceland.

Lançado em 1986, quando o artista já tinha uma certa maturidade, esse álbum parece um trabalho de história, carregado de referências e palavras chamativas. Nele, o compositor mescla o folk com o pop, fazendo um produto que agrada gregos e troianos, no que muitos chamam de worldbeat. Com sanfonas, parece ser o intuito de Paul fazer um som bem "de fazenda", que você ouve e imagina logo o campo, as árvores e longas estradas.

"The Boy in the Bubble", com seu apelo a là Dylan, abre o álbum de forma animada. "It was a dry wind / and I swept across the desert / and it curled into the circle of birth", diz sua letra. Já na primeira música, se dá pra perceber o "clima" do álbum, no qual as outras canções se desenvolvem. Talvez a faixa mais conhecida do disco e a que dá nome a ele, "Graceland", que foi até premiada quando do seu lançamento, lembra novamente o poeta já citado. Com uma guitarrinha e bateria, acompanhadas da voz de Simon, fazem o resultado ser excelente.

"She looked me over / and I guess she tought / I was all right", são os versos iniciais de "I Know What I Know", que contém backing vocals de mulheres gritando. Nessa faixa, dá pra se perceber as influências africanas no trabalho de Paul. "Gunboots", com sua sanfona e bateria, dão um ritmo mais animado ao álbum e, apesar de não ser muito conhecida, é uma das minhas preferidas da obra. O solo de saxofone a faz ficar ainda mais especial.

"She´s a rich girl / she don´t try to hide it / diamonds on the soles of her shoes", diz a próxima música. Mudando de ritmo certo instante, parece até ter se transformado em outra canção, apesar de ser a mesma. "You Can Call Me Al" parece, à primeira audição, soar repetitiva e bem parecida com as músicas anteriores mas, mesmo assim, ainda é boa. O solo de um instrumento que parece flauta dá um toque de charme à faixa.

"Under African Skies" novamente nos remete a raízes africanas, com um refrão onomatopeico. A certa altura, o vocal de Paul se divide com o de uma mulher e, no final, é feito um climax bem legal com uns instrumentos. "Homeless" é feita de vocais que mais soam um canto gregoriano. "The moonlight sleeping on a midnight lake", diz sua letra.

"Crazy Love, Vol. II" repete "I don´t want no part of this crazy love". Não há nada de especial nessa faixa e, se não estivesse no álbum, acho que ninguém sentiria falta. "That Was Your Mother" inicia com uma sanfona, que nos remete ao Nordeste do Brasil. Novamente, um solo de saxofone separando os vocais de Simon, o que parece ser meio repetitivo.

"All Around the World or The Myth of Fingerprints" fecha essa grande obra, dizendo "over the mountain, down in the valley / lives a former talk-show host, everybody knows his name". Fazendo um balanço geral, temos que Graceland é, com certeza, um produto que você deve ter e, apesar de algumas faixas soarem repetitivas, ainda se faz um excelente conjunto de canções com letras bem trabalhadas.


  • Avaliação: A

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