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Mostrando postagens de 2017

Bob Dylan - New Morning (1970)

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Em 1970, Bob Dylan estava numa fase extremamente relaxada. Depois de sua fase folk (de 1962 a 1964), elétrica (de 1965 a 1966), de John Wesley Harding (1967) e Nashville Skyline (1969), o compositor parecia estar confiante no seu trabalho e sem maiores pretensões em ser revolucionário ou passar mensagens importantes em suas letras. Dylan queria fazer um tipo de música sincera e que transmitisse o que estava sentindo no momento. A abertura não poderia ser melhor, com a doce e acústica “If Not For You”, regravada pouco tempo depois por George Harrison. Romântica? Sim. Brega? Jamais. Dylan fala de amor como Chico Buarque, de forma poética e revelando várias nuances de seu lirismo. Não são bobas canções de amor simplesmente, mas sim contemplações da alma feminina. “Went to See the Gipsy” começa com um pianinho gostoso, seguido da voz áspera (e agradável) de Dylan. Tem um ritmo interessante e letra curiosa, falando de um cigano. A guitarrinha no final é sensacional, dand

The Kinks - Face to Face (1966)

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Não atingindo, na invasão britânica, o mesmo nível de popularidade dos Beatles e Rolling Stones, os Kinks faziam um tipo de música à altura dos grandes mestres. Ray Davies era muito competente e sabia como fazer trabalhos de qualidade, nunca pecando na produção. Agora, de originais eles não tinham nada. “Party Lane”, a canção que abre o álbum, é bastante influenciada pelo merseybeat do início da carreira dos Beatles. Ray, sempre polêmico quando se falava dos “ fab four ” (ele se considerava melhor do que eles), admitia a inspiração em entrevistas. É claro que isso não tira a beleza da música. A sentimental “Rosie Won’t You Please Come Home” é talvez a melhor música do álbum. Feita pra irmã do compositor, tem uns efeitos bem bacanas de cravo. “Dandy”, futuramente regravada pelos Herman’s Hermits, diz na letra “Who you gonna run to? / All your little life / You’re chasin’ all the girls / They can’t resist your smile”. “Too Much on my Mind” é uma balada que contribui

The Beach Boys - Pet Sounds (1966)

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Com Today!, de 1965, os Beach Boys começaram a mostrar a genialidade de Brian Wilson e Mike Love. All Summer Long tinha marcado a ruptura da banda com a música que faziam até então, com temáticas de praia e garotas. Agora, queriam fazer algo mais sério e inspirado. Tendo ouvido Rubber Soul , dos Beatles, Brian se sentiu imensamente influenciado. Queria fazer trabalhos com qualidade à altura dos Fab Four , só não sabia como. Foi então que ele conheceu Tony Asher, um compositor de jingles . Sabendo de sua reputação como músico, resolveu o chamar para ajudar em suas canções. Essa parceria resultou em um dos melhores discos já produzidos. Pet Sounds é, com certeza, revolucionário, além de ter uma imensa qualidade melódica e poética. Influenciou muita gente, como Paul McCartney. Nessa resenha, vamos comentar alguns detalhes desse trabalho. Abrindo o disco, temos “Wouldn’t It Be Nice”, uma canção com ares de jingle, com ritmo bacana e letra animadora. Já nessa música, e

Coldplay - Parachutes (2000)

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Formada em 1996, a banda britânica Coldplay atingiu sucesso mundial com seu primeiro disco, Parachutes . Canções como “Don’t Panic” e “Yellow” foram marcantes no rock alternativo do início dos anos 2000. Alguns chamam essa fase de “pós-britpop”, uma categoria que abrigaria também bandas como Feeder, Stereophonics e Travis, que se tornaram populares depois do declínio do britpop original, de bandas como Oasis. A primeira fase do grupo, para mim, é a mais interessante, apesar de músicas tardias como “Paradise” e “Magic” também me agradarem. Nesses primeiros discos, há um cheirinho de indie , uma coisa mais sincera e original. Muitos dizem que, depois, a banda se comercializou demais (o que aconteceu com o Maroon 5 também), mas eu acho que cada fase do grupo tem a sua importância. Eles já tinham lançado dois EPs, chamados “Safety” (de 1998), e “The Blue Room” (de 1999), antes de lançarem esse primeiro disco. A gravação de Parachutes aconteceu entre setembro de 1999 e maio

Erasmo Carlos – Carlos, Erasmo… (1971)

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Nota : texto escrito pelo meu amigo Malcom Fernandes. No decorrer dos anos 1960, Erasmo Carlos formou uma das maiores duplas de compositores de sucesso da história da MPB ao lado de Roberto Carlos, com quem fez diversas canções de enorme sucesso tanto para o “rei” (Roberto) quanto para o “tremendão” (Erasmo), e também para outros artistas na época da Jovem Guarda. E foi nessa década em que Erasmo emplacava só sucessos atrás de sucessos durante seu período como artista na RGE Discos, gravadora aonde tinha Chico Buarque (com o “de Hollanda” inicialmente), o sambista Miltinho entre outros. Mas na década seguinte, com o sucesso de “Sentado À Beira do Caminho”, que estourou de imediato na telenovela exibida na Tupi “Beto Rockfeller”, protagonizada por Luís Gustavo, e que acabara sendo um dos maiores legados da dupla, acabavam os bons anos na RGE. A Jovem Guarda já deixara de ser um programa fazia anos, Roberto consolidava com seu sucesso mundial e mais sucessos a dupla com

Elton John - Goodbye Yellow Brick Road (1973)

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Entre os grandes artistas mundiais, há vários que atingem uma fama por um tempo e que, depois, não conseguem manter. São poucos os que permanecem firmes em questão de popularidade por algumas décadas. São mais raros ainda os que viram mitos, lendas vivas. Nesse último grupo que citei, com certeza se encontra Reginald Kenneth Dwight, mais conhecido como Elton John. Elton conseguiu, durante a década de 1970, lançar álbuns antológicos, nos quais fez melodias inspiradas que, juntando-se com as letras de seu parceiro Bernie Taupin, viraram clássicos de fácil assimilação popular. “Your Song”, “Rocket Man” e “Daniel” estão entre esses clássicos. Fez parcerias com nomes de peso como John Lennon e lotou shows gigantescos na Inglaterra e Estados Unidos. Quanto aos álbuns, talvez o que tenha feito mais sucesso tenha sido o duplo Goodbye Yellow Brick Road , que contribuiu significativamente para provar a genialidade de Elton. Com sua capa e título bem chamativos, conseguiu a proeza

Meus compositores favoritos (parte 1)

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Olá, leitores! Bem, estou fazendo uma nova série de posts, chamada "Meus Compositores Favoritos", onde vou elencar e comentar sobre a carreira musical dos meus artistas preferidos. Nessa revisão, começo com Paul McCartney e Chico Buarque. Espero que gostem do texto. Abraços. Paul McCartney Macca, como é também chamado pelos fãs, é o artista mais interessante que já conheci. Seja como Beatle, Wing ou na carreira solo, Paul foi esplêndido em tudo o que fez. Sua obra é marcada pela imensa qualidade melódica, lírica e de arranjos. Multi-instrumentista, canhoto e vegetariano, sempre foi coerente com suas ideologias (como o protecionismo de animais) e levantou a bandeira da paz (em canções como “Pipes of Peace”). Fez sua primeira composição, “I Lost My Little Girl”, em 1956, quando contava com 13/14 anos. Mais tarde, conheceu John Lennon, líder de uma banda chamada Quarrymen, de Liverpool. Fizeram algumas gravações caseiras e passaram algum período sem baterista, d