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Mostrando postagens de 2014

Bob Dylan - John Wesley Harding (1967)

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Em 1967, Dylan mudou totalmente o rumo da sua carreira. Após lançar três álbuns elétricos e revolucionários, ele sofreu um acidente de moto e, por causa disso ou não, resolveu parar com tudo e se recolher em casa. Nesse período, ele voltou às raízes do folk, presentes nos seus anos iniciais. Desses meses de reclusão, foram gravadas músicas que depois seriam lançadas em um álbum dos anos 70. Passada essa fase, ele compôs as músicas que seriam de John Wesley Harding , uma obra folk que parece nos remeter a um passeio de história do século XIX. Se, à primeira audição, as músicas parecem soar repetitivas (por terem gaita e violão na sua maioria), nas vezes seguintes que você o escutar, vai ver a beleza individual de cada faixa, como a linda faixa-título de abertura. Agora, Dylan não tinha pressão para lançar um trabalho excelente mas, mesmo assim, o fez. Até hoje esse disco aparece em lista de melhores álbuns e é muito apreciado pelos fãs do compositor. Suas letras deixam a complexi

Legião Urbana - Uma Outra Estação (1997)

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O álbum póstumo Uma Outra Estação  foi lançado em 1997, com músicas em sua maioria que ficaram de fora do projeto A Tempestade [B+] , originalmente feito para ser um álbum duplo, que foi recusado pela gravadora. Porém, três delas são da época de Renato de Trovador Solitário e algumas gravações de músicas de outros autores. "Riding Song", a música que abre o álbum, conta com um ritmo forte e depoimentos dos membros da Legião de 1986, onde diziam seus nomes e alguns dados. A canção tem somente dois versos: "eu já sei o que eu vou ser / ser quando eu crescer", numa resposta talvez a "Pais e Filhos", na qual a criança não sabe o que vai ser quando se tornar adulta. "Uma Outra Estação", cantada com um tímido vocal de Renato e que nos seus arranjos tem até um pianinho, diz "gosto quando estou feliz / gosto quando sorris pra mim", com mensagem dirigida a talvez um amor de Renato. A próxima faixa, "As Flores do Mal", novamente t

Legião Urbana - A Tempestade (1996)

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Com a produção um tanto inferior comparada às dos três álbuns anteriores, A Tempestade é um álbum que foi feito com Renato já debilitado e a sua fase de pessimismo fica evidente nas letras de canções como "Natália". Por isso, quando for ouvir essa obra, não espere que seja um som pra cima ou de alegria, pois é justamente o contrário, é um disco reflexivo e com letras geralmente tristes. Aliás, esse é o único disco da banda em que eu prefiro as letras às melodias e arranjos. Começando com "Natália", um rock pessimista, diz "vamos falar de pesticidas e de tragédias radioativas / de doenças incuráveis, vamos falar de sua vida". Pelo meio, diz "a felicidade é uma mentira". Estava claro que Renato se encontrava emocionalmente abalado pela doença e certeza de morte próxima. A música termina dizendo "quem sabe um dia eu escrevo uma canção pra você". A charmosa "L´avventura", diz "quem pensa por si mesmo é livre / e ser liv

Legião Urbana - V (1991)

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Com o que começou em As Quatro Estações [A+] , a banda estava mais preocupada com arranjos bem feitos e deixando pra trás a produção um tanto rude dos três primeiros álbuns. Agora, usavam muitos instrumentos e produziam um som com menos influência do punk  e indo mais pro pop , tendência que acompanharia a Legião por mais alguns anos. Dessa forma, V  se faz uma obra prima rebuscada, como um diamante lapidado. Metaforicamente, se antes a banda lançava bons produtos, mas não tão bem embrulhados, agora mandava ao ouvinte com uma espécie de caixinha e bem empacotado. O álbum parece uma continuação do anterior e, depois dele, O Descobrimento do Brasil  continua a saga pop  legionária. Abrindo o disco com "Love Song", que mais parece um canto gregoriano acompanhado de arranjos, faz-se uma faixa pequena e não tão notável. "Metal Contra as Nuvens", a faixa mais comprida de toda a história da banda, tem várias fases e une vários estilos. "Eu sou metal, raio relâmp

Legião Urbana - Que País É Este? (1987)

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Em 1987, a Legião já era bastante conhecida Brasil afora. Porém, tinham algumas canções bem antigas, da época do Aborto Elétrico (banda antiga de Renato Russo) que nunca tinham sido lançadas. Devido à insistência dos fãs, a banda lançou um álbum contando apenas com as músicas de quase dez anos atrás. A obra começa com a clássica e atemporal faixa-título, que até hoje permanece como um dos maiores hits da banda. Na letra, diz: "nas favelas, no senado / sujeira pra todo lado / ninguém respeita a constituição / mas todos acreditam no futuro da nação". A próxima faixa, "Conexão Amazônica", não se faz das mais bonitas do álbum, apesar de seu ritmo frenético. Certa altura, se repete: "yê-yê-yê", num refrão chamativo. "Tédio (com um T bem grande pra você)" retoma a qualidade do disco. "Andar a pé na chuva, às vezes eu me amarro / não tenho gasolina, também não tenho carro", diz sua letra. Numa batida um tanto de reggae, inicia-se "D

Paul Simon - Graceland (1986)

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Desde o início de sua carreira, Paul Simon vem tendo a fama de "grande poeta" do folk americano. Eu, particularmente, o considero um excepcional letrista e ótimo melodista, junto de nomes como Bob Dylan e John Fogerty. Ao lado de Art Garfunkel nos anos 60 e, a partir dos 70, sozinho, Simon vem lançando álbuns que recebem muito apreço da crítica especializada e do público em geral. Porém, todo artista tem um ápice e, pela minha ótica, o que também é a opinião de muitos, o de Paul é Graceland . Lançado em 1986, quando o artista já tinha uma certa maturidade, esse álbum parece um trabalho de história, carregado de referências e palavras chamativas. Nele, o compositor mescla o folk com o pop, fazendo um produto que agrada gregos e troianos, no que muitos chamam de worldbeat.  Com sanfonas, parece ser o intuito de Paul fazer um som bem "de fazenda", que você ouve e imagina logo o campo, as árvores e longas estradas. "The Boy in the Bubble", com seu apelo

Legião Urbana - Legião Urbana (1985)

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Voltando para 1985, temos o momento ideal para uma banda de rock ser lançada no Brasil. Nesse ano, a Legião Urbana lança o seu primeiro álbum, nomeado com o próprio nome do grupo. Com este trabalho, porém, não dá pra traçar um perfil de Renato Russo, que seria modelado principalmente pelas obras posteriores. Contando com uma produção um tanto rude, batidas de bateria que soam artificiais e, na última música, sintetizadores, modelam uma grande obra poética e melódica, expondo o talento então desconhecido do compositor. Começando com "Será", uma música que virou o primeiro hit do quarteto, sendo amplamente difundida pelas rádios do Brasil, é simplesmente excelente. O ritmo é um pouco acelerado e começa com um riff de guitarra muito bem feito, seguido do vocal de Renato. A sua letra diz "quem é que vai nos proteger? / será que vamos ter de responder pelos erros a mais? / eu e você". Em seguida, temos "A Dança", um frenético tema que parece citar Belchior,

Chico Buarque - Chico Buarque (1978)

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Esse é o disco mais completo de Chico e, segundo o próprio, uma "salada de frutas", pois mescla músicas que têm histórias bem diferentes entre si. Por exemplo, temas anteriormente censurados ("Cálice", "Apesar de Você" e "Tanto Mar"), cantados por mulheres ("O Meu Amor"), duetos ("Pedaço de Mim"), novos ("Feijoada Completa" e "Trocando em Miúdos"), em espanhol ("Pequeña Serenata Diurna") e modinhas ("Até o Fim"). De fato, o autor, nessa fase, estava mais maduro e compondo muito bem, com a qualidade que o levaria a ser um dos maiores compositores do Brasil. Abrindo a obra, temos "Feijoada Completa", um samba com letra carregada e que conta como se faz uma feijoada, feita pela mulher do eu-lírico. Na letra, diz: "joga o paio / carne seca, toucinho no caldeirão / e vamos botar água no feijão". A próxima faixa, "Cálice", feita em parceria com Gilberto Gil e

Chico Buarque - Meus Caros Amigos (1976)

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Antes de mais nada, eu quero dizer que este disco e o posterior são os meus preferidos não só do artista, mas da música brasileira na sua totalidade. Dificilmente se consegue reunir tanta qualidade musical numa só obra, imaginem em duas. Bem, nesse álbum de 1976, o músico nos mostra um outro Chico. Até então, estávamos acostumados ao Buarque dos sambas no final dos anos 60 e o de   Construção   [A+] , uma obra-prima um tanto melancólica. Agora, éramos apresentados a um artista versátil e genial, que assinava parcerias com Francis Hime e lançava músicas para peças e filmes. Meus Caros Amigos  reúne canções que  foram feitas de 1971 até 1976, uma época de censura e pouca liberdade musical. Abrindo a obra, temos "O Que Será (À Flor da Terra)", uma das versões da composição (existem outras duas). Até hoje essa canção continua na cabeça de muitos, tendo uma forte poética e melodia chamativa. "Mulheres de Atenas", em parceria com Augusto Boal, é a segunda faixa, qu

The Beatles - A Hard Day´s Night (1964)

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Voltando para 1964, com o cenário do rock sendo aquecido pela  Beatlemania , temos esse disco de grande sucesso do quarteto de Liverpool. Ele mostra uma clara melhora da banda quanto à qualidade de seus trabalhos, incluindo arranjos mais desenvolvidos e letras mais chamativas do que os seus álbuns anteriores. Abrindo esse disco, temos a faixa-título, que se inicia com um acorde de George Harrison, dando lugar em seguida à voz rasgante de John Lennon. A faixa posterior, "I Should Have Known Better", é uma das minhas preferidas do álbum e, com certeza, uma das mais apreciadas canções da primeira fase dos Beatles. Inclusive, no Brasil, ganhou uma versão de Renato e seus Blue Caps, "Menina Linda". Na sequência, aparece "If I Fell", uma balada romântica de John e, em certo ponto, cantada em coro pelos três vocais. Na sua letra, diz:  If I give my heart t o you / I must be sure f rom the very start / t hat you w ould love me more than her. A quarta música,

Cartola - Cartola (1974)

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A poética afiada e natural de Cartola só foi descoberta do grande público quando ele lançou seu primeiro disco, em 1974. Naquela época, já com 66 anos, tinha um respeitável repertório de sambas, do qual ele mostrou uma parte, talvez a de melhor qualidade, nesse trabalho. Começando com "Disfarça e Chora", que tem versos como "C hora, disfarça e chora /  Aproveita a voz do lamento /  Que já vem a aurora" e termina dizendo " Olhar, gostar só de longe /  Não faz ninguém chegar perto /  E o seu pranto oh, triste senhora /  Vai molhar o deserto " evidenciando o talento do artista como letrista, remetendo à poética de Chico Buarque. No seu álbum, diz-se apenas que foi feita junto de Dalmo Castello. Pesquisando na Internet, encontram-se somente informações escassas. Portanto, não posso afirmar até aonde é a parte criada por Cartola e a de seu amigo. A faixa que segue, "Sim", feita em parceria de Oswaldo Martins, conta a história de um indivíduo dese