Van Morrison: Astral Weeks (1968)

Esse é "o álbum do climax". Eu, geralmente, venho criticando discos desse tipo. Porém, em alguns, é quase impossível fazer isso. É o caso deste aqui, que é ma-ra-vi-lho-so em cada arranjo ou palavra dita pelo artista. Meu Deus, ainda custo a acreditar que ele foi lançado. As melodias, harmônicas, fazem alguns álbuns dos Beatles parecerem de segunda categoria.

O lado A é denominado "In The Beggining" e é composto por músicas não agitadas, mas intensas. Tudo nelas reflete uma paz celestial, na qual você pode ouvir no seu carro, passeando por aí.

Começando por "Astral Weeks", uma balada que indica o que vem no resto do álbum inteiro: clímax. Todas as músicas que seguem parecem se integrar entre si e o canto de Morrison por vezes parece uma oração. Com "Beside You", os arranjos continuam magistrais, com flautas e violinos em uma sintonia perfeita.

"Sweet Thing" também é bastante harmônica e tem sua letra muito profunda, com versos como "I will raise my hand up into the night time sky and count the stars that's shining in your eye". "Cyprus Avenue" dá um tom mais lento ao álbum e adiciona uma gostosa harpa aos arranjos. A voz de Morrison se faz potente nessa faixa, alternando-se em agudos e graves que parecem se encaixar durante toda a faixa.

O lado B é denominado "Afterwards" e se diferencia da primeira parte da obra por conter melodias mais lentas e reflexivas, nem mais, nem menos importantes do que as anteriores.

"The Way Young Lovers Do" dá um caráter mais sério ao disco e quebra a harmonia das faixas anteriores. O clima da canção lembra um pouco a fase Face to Face dos Kinks, especialmente "Rosie Won´t You Please Come Home?". O trompete é introduzido, fazendo um discreto solo que cessa com uma semi-gritaria de Van.

"Madame George" se inicia com uma simples batida de violão seguida da voz de Morrison, cantando no estilo de Dylan em "I´ll Be Your Baby Tonight". Lenta, é daquelas canções que são boas de se ouvir antes de dormir, depois de tomar um whisky e jantar como um rei.

"Bellerina" continua o ritmo lento das últimas canções da obra. Nesse ponto, a audição pode parecer meio cansativa, mas não desista, companheiro! Se delicie com o vocal potente do cantor e se imagine num rio imenso, descansando após remar por um bom tempo e se deixando levar pela correnteza. Aliás, esse é um excelente álbum para se fazer Yoga, sendo bem melhor do que aquelas flautas indianas.

Com "Slim Slow Slider", o disco se fecha melancolicamente. E, dessa forma, a obra-prima de Morrison termina e dá para se identificar o único defeito desse álbum: ter poucas canções.

  • Avaliação: A-

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